Celebra-se há 28 de Maio do corrente ano o centenário do poeta-mor José Craveirinha e para fazer face as diversas actividades ligadas as festividades a Khuzula – empresa moçambicana que opera no mercado cultural e criativo – em parceria com a Escola de Comunicação e Artes (ECA) da Universidade Eduardo Mondlane (UEM) e a Associação IVERCA, realizou, recentemente, na ECA um seminário designado AZGODIALOGAR, subdivido em duas sessões, um workshop e uma oficina.
As sessões tiveram como tema central de discursão a “Arte e Cidadania”, facetas que representam na íntegra o poeta que conseguiu projectar a Mafalala para o mundo devido aos seus poemas que conseguia ser um cidadão interventivo através da arte de construir poemas.
O evento de celebração de Craveirinha foi realizada na ECA da UEM maior instituição de formação superior de comunicadores, músicos e actores em Moçambique.
O conceito de curadoria da primeira oficina tinha como objectivo desenvolver e instar na sociedade um debate aceso sobre o lugar da arte, dos artistas e da academia no desenvolvimento da consciência cidadã, que reflete os fundamentos mais profundos da cultura, da linguagem e dos valores circunscritos nas sociedades e no espaço a volta.
A primeira sessão dedicou-se a uma conversa subordinada ao tema: “Artes Dramáticas: O lugar da Cidadania”, com os oradores Rogério Manjate e António Cabrita ambos escritores e docentes universitários, num painel em que o sociólogo Guilherme Mussane fez os comentários.
Reconhecendo as facetas do Poeta-Mor Craveirinha a primeira oficina tinha uma visão bastante relevante porque nos propõe uma discussão assente nas experiências práticas dos oradores, que trataram de observar e interpretar o percurso histórico do país, analisar as novas nuances e lançar olhares sobre o futuro.
De seguida, rumou-se a Sala Hortêncio Langa, nome atribuído ao músico e escritor moçambicano que há um ano perdeu a vida devido a Covid-19. Hortêncio, cresceu numa família artística e musical, tendo dois irmãos que também singraram na música, Pedro Langa e Milagre Langa e a sua actividade musical desenvolve-se com a criação da banda de afro-rock Monomotapa em 1979 e especialmente em 1980 quando funda o grupo Alambique com influências musicais de marrabenta, jazz blues ou rock.
Foi na sala Hortêncio Langa que decorreu a oficina “Compor a partir do Poema: Técnicas e Processo Criativo” facilitada pelo músico moçambicano Stewart Sukuma onde colocou músicos, escritores e críticos de arte a convergirem com os estudantes da Escola de Comunicação e Artes da Universidade Eduardo Mondlane.
A oficina teve muitos momentos marcantes como é o caso da partilha de experiência feita pelo Sukuma, a apresentação de algumas técnicas de composição a partir do poema onde o destaque foi para o poema “Grito Negro”.
Durante a mesma oficina foi notório que é tema de fundo dos poemas de Craveirinha a questão da Cidadania, visto que, construía poemas para rebelar-se do Racismos e Desumanização social, da tal forma que a intertextualidade dos poemas promovem uma aproximação com outros poemas.
Com a oficina, o AZGO Dialogar pretendia iniciar um programa de partilha de experiências entre profissionais da arte e os estudantes. Outrossim, fazer da Academia um espaço onde o mercado criativo vai se consultar e semear compreensões mais pragmáticas.
Importa referir que o AZGO Dialogar é uma iniciativa da Khuzula, em parceria com The Music In Africa Foundation (MIAF) e Goethe-Institut South Africa. O projeto faz parte do Sound Connects Fund, que é implementado pelo MIAF em parceria com o Goethe-Institute e viabilizado com financiamento dos ACP-EU Programa Cultura com cofinanciamento do Goethe-Institut. A Siemens Stiftung, uma fundadora parceiro do MIAF, é também parceiro do fundo, como é o caso das Tintas CIN e da União Europeia no âmbito Programa de Apoio dos Actores não Estatais (PAANE).