O renomado escritor Luís Bernardo Honwana, autor do célebre livro “Nós matamos o cão Tinhoso”, será o escritor homenageado na Feira do Livro de Maputo, que acontece na cidade de Maputo, entre os dias 20 e 22 de Outubro, num evento misto: presencial e digital.

Luís Bernardo Honwana soma 72 anos de idade. Nasceu na cidade de Maputo e cresceu em Moamba, no interior, onde seu pai trabalhava como intérprete. Aos 17 anos, decide abandonar a vida da vila e emigra-se para estudar jornalismo na capital.

Seu talento foi descoberto pelo José Craveirinha e pelo Rui Knophi, famosos poetas moçambicanos. Em 1964, tornou-se um militante da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), e tinha como objectivo libertar Moçambique do domínio colonial português, mas devido às suas actividades políticas foi detido pelas autoridades coloniais e foi encarcerado durante três anos.

Em 1975, após a independência tornou-se director do Gabinete do Presidente Samora Machel e, em 1982, tornou-se Secretário de Estado da Cultura de Moçambique. Em 1987, foi eleito membro do Conselho Executivo da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO).

Em 1991, fundou o Fundo Bibliográfico de Língua Portuguesa e mais tarde fundou a Organização Nacional dos jornalistas de Moçambique, a Associação Moçambicana de Fotografia e Associação de Escritores, também foi director executivo da Fundação para a Conservação da Biodiversidade (BIOFUND).

Durante décadas, Honwana foi autor de um único livro, “Nós matamos o cão tinhoso (1964), um clássico da literatura africana lusófona mais lida e influente alguma vez publicada. Foi traduzido para o inglês por Dorothy Guedes como “We killed mangy dog and other stories” (1969).

“Nós matamos o cão tinhoso”, 58 anos nas prateleiras e bibliotecas nacionais, hoje é uma referência obrigatória da literatura moçambicana, publicou por conta própria o “Cão-Tinhoso” quando era prisioneiro político da PIDE, ele também publicou o conto “Hands of the Blacks’.

Em seu livro, Honwana mostra-se como um indivíduo comprometido com a emancipação política, pois nele dá voz aos oprimidos, aos subalternizados pela colonização europeia, denunciando a violência e os males advindos da colonização. O livro Nós Matamos o cão Tinhoso, é composto por sete contos: “Nós Matamos o Cão Tinhoso”, “Inventário de Imóveis e Jacentes”, “Dina”, “A Velhota”, “Papa, Cobra e Eu”, “As Mãos dos Pretos” e “Nhinguitimo”.

Em 2017, mais de cinquenta anos após a publicação do seu primeiro livro, Honwana publicou o seu segundo, não ficção, intitulado “A Velha de Madeira e Zinco”, uma colecção de ensaios anteriormente publicados e outros comentários.

Honwana influenciou muito a geração pós-colonial de escritores de prosa mais jovens e foi corretamente considerada como estilisticamente talentosa. É também considerada uma figura icónica no desenvolvimento do estilo de prosa literária moçambicana.

 

Por: Elcídio Bila – Entre Aspas

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