A XHUB- Incubadora de Negócios Culturais e Criativos realizou nas suas instalações na cidade de Maputo a sessão de escuta do terceiro álbum que tem como nome Uma Nova Flor que o seu lançamento oficial está previsto para 27 de Julho de 2022.

A sessão de escuta direcionada a músicos e jornalistas culturais teve duração de pouco mais de 2horas. Várias histórias foram contadas desde a formação da banda e os diferentes enredos que compõem este novo trabalho discográfico que particularmente apresenta diversos sons dançantes com ritmos nacionais.

Para a produção do álbum Uma Nova Flor a banda Kakana juntou diversos artistas de moçambique – Wazimbo, Jimmy Dludlu, Mingas, AZ Khinera, Wanda Baloy, Mr Kuka e Bob Lee, Guine Bissau – Micas Cabral e de Cabo Verde – Titos Paris.

Uma nova flor é um trabalho que segundo comentários feitos por jornalistas durante a sessão de escuta é representativo porque é possível ouvir muita sonoridade que caracterizam o país e o destaque vai para a presença inconfundível da Timbila e ritmos dançantes que remetem ao ouvinte a dança Makhara típica da província de Inhambane, concretamente, na região dos Machopes em Zavala.

A Sessão de escuta do álbum Uma Nova Flor começou quando a primeira musica foi tocada obrigando aos jornalistas a viajarem no tempo e na história da literatura moçambicana, visto que, a Banda Kakana propôs para musica que foi criado na base dum poema que foi extraído da obra “Sangue Negro” da escritora Noémia de Sousa que faz uma “Suplica” para que a musica seja a única coisa a ficar mesmo depois de se tirar tudo no mundo. A música sugere uma dança representativa Chope e a proposta surge durante a pandemia da Covid19 que os artistas viram um pouco de tudo limitados fazendo um casamento perfeito entre a poesia, musica e o estado em que a sociedade foi colocada pela doença que assola o mundo.
Durante a sessão como era de se esperar propostas e comentários não faltaram de tal forma que depois de escutar as músicas Mathacosana – que teve a participação da cantora Mingas – e Aldeia 1980 o jornalista Eduardo Quive defendeu que as duas fazem uma narrativa de uma sociedade urbana numa “cronica espetacular da forma que elas vivem e a aldeia 1980 faz um apelo e também brinca com as historias de uma cultura urbana que é muito bela”. Numa outra perspectiva o jornalista Izidro Dimande na sua interveção propôs a banda a fazer o lançamento do álbum “convidando todos os actores que participaram na produção do presente trabalho discográfico”.

Yolanda Kakana fez uma breve apresentação da história da música número dois, Mathacosana, que por acaso, canta ao lado da cantora Moçambicana, Mingas e narra um diálogo entre duas gerações em que uma faz a exigência aos mais velhos sobre a ausência de passagem de testemunho de um legado das brincadeiras que deviam marcar as crianças. Na Musica Mathacosana as crianças reclamam a ausência das brincadeiras, destaca Yolanda.

Já a Aldeia 1980 é uma crítica social, visto que, “as crianças de hoje não tem tempo para brincar, correr e muito menos para praticar desporto e quando tem tempo a única coisa que elas fazem é usar tablet ou mesmo telefone”.

A sessão contínua. A música proposta pelo Jimmy Gwaza é a faixa número 11 com o título Carolina que é cantada com a participação especial do Wazimbo. A Musica é apresenta dois idiomas XiChope e Xironga e narra uma história de uma “tal Carolina” que se inscreveu numa escola que terá um diploma de mérito em prostituição porque segundo o enredo ela havia sido casada dentro de uma família, a posterior, pulou acerca para amantizar com o primo do seu marido. A música Carolina é uma recriação da original que pertencia ao Salomão Nhamtumbo, por sinal, Tio da Yolanda Kakana.

Wazimbo convidado a falar da sua participação do álbum destacou que tem sido um livro aberto desde os tempos do Digital MC e actualmente trabalha com a banda Kakana o que representa um reconhecimento e valorização para emprestar os seus dotes para se criar uma passagem de legado na história musical. Todos aqueles que têm conhecimento musical deviam aceitar fazer essa passagem de testemunho para que não haja falta de identidade musical, arrebatou Wazimbo.

Numa outra prespectiva, Wazimbo desafiou os jornalistas a criarem um debate sobre a identidade musical moçambicana para que não haja dúvidas na interpretação dos trabalhos artísticos moçambicanos e reconhecem a ausência de obrigatoriedade de segmento de estilos musicais.
Reagindo ao comentário feito pelo Wazimbo, Yolanda Kakana destaca que gosta de um bom rock e jazz como qualquer jovem. “Quanto mais crescemos achamos que devíamos ter uma identidade cultural, até porque, nós também sentimos essa ameaça que o tio Wazi falou relacionada com a ausência de uma identidade certa nas nossa músicas, tanto é que voltamos e visitamos as raízes para responder essa questão”, destacou Yolanda Kakana.

O Álbum Uma Nova Flor apresenta uma tendência de ritmos, danças e instrumentos sediados na província de Inhambane, particularmente em Zavala, porquê essa é a questão colocada pelo jornalista Gil Gune e a resposta que teve do Jimmy Gwaza é que Ani ni Tchope que na tradução livre de Xichope para português significa “eu sou Machope”. Por isso, “senti que devia trazer também uma identidade que uni-nos porque eu e a Yolanda temos algumas raízes da Etnia Chope”.

O Jornalista e apresentador de Televisão, David Bamo, questionou a banda até que ponto é bom ou mau a questão de convivência continua entre Jimmy Gwaza e Yolanda. A questão surge porque ambos são casados. Mas como resposta vinda do Jimmy Gwaza é que é produtor já há muito tempo e é por isso que convidaram outras figuras para trazer novas dinâmicas e nuances no terceiro álbum. Noutra vertente, notamos e fomos contados pela Yolanda que os sonhos as vezes são transformadas em musica como é o caso da faixa numero 15 que tem como titulo Marrabenta das Timbila.

O papel de Pai na vida ou mesmo no desenvolvimento social é também destaque neste álbum e esta figura é refletida em dose dupla nas faixas 5 e 9. A justificação que tivemos da banda é que estas surgem para responderem as solicitações que os fãs fizeram.

Importa destacar que a sessão de escuta do álbum Uma Nova Flor da banda Kakana contou com a presença do Wazimbo e dos jornalistas culturais dos órgãos de comunicação social sediados na cidade de Maputo. O Álbum é fruto do confinamento durante o auge da Pandemia da Covid19 e contou com diversos actores desde a produção, instrumentos e arranjos.

 

Por: Gil Gune

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