Algures na periferia da cidade da Matola, na primeira década dos anos 2000, Ayrton Massinga dedicava, de forma espontânea, o seu tempo a pintar telas e a fazer desenhos das suas fantasias de infância. Seu deleite era poder fazer o traço mais perfeito, nas dimensões, medidas e cores que a inocência o proporcionava. Mal sabia que o futuro já lhe tinha emoldurado outros horizontes.

 

De estatura média e com pronto sorriso no rosto, já a contar 28 setembros, está em ascensão nas pistas de dança de Maputo, Matola e além fronteiras. Para fazer os outros, literalmente, dançar a sua música enquanto DJ e produtor. É actualmente, um dos mais requisitados. A ideia de fazer arte não importando a sua manifestação, fez Ayrton Massinga, que assina artisticamente como Granda Beats, passar das telas e pincéis para a mesa de som.

 

Formado em Geologia na Universidade argelina Oran, onde alavancou sua carreira como Dj, conta que a sua trajetória é construída a base da curiosidade. “Sempre fui curioso, gosto de experimentar de tudo”, assume, com o riso largo de sempre. “Tudo que der para eu mexer eu mexo”, repisa.

 

Em 2011, ainda adolescente começa a traçar a linha do caminho que hoje segue. De modo quase aventureiro, ainda que sem bússola, foi testando a fusão de diferentes estilos, que passavam pela mistura de cânticos populares e ritmos afro com batidas urbanas da música electrónica num estilo único que é o afro-tech, ao lado do seu irmão mais novo, Hélio Massinga (Hélio Beats).

 

No percurso até ao afro-tech passou pela mixagem de zouk, marrabenta, pandza à produção do estilo sul africano amapiano, conforme explica. “Experimentei vários estilos porque no início não sabia exactamente o que queria fazer, então eu tentei de tudo até me descobrir”, conta-nos.

 

Nem mesmo os altos e baixos da vida pararam Granda Beats, que perseverou ainda na falta de condições para adquirir material básico para produção, como um computador. Ademais, a falta de apoio familiar poderia ter determinado que olhasse para a música como um sonho, mas só como um “passatempo”.

 

Mas depois da tempestade veio a bonança. Quando ganhou a bolsa de estudos para Argélia, já podia suprir as suas necessidades básicas, com a verba e comprou o sonhado computador.

 

De regresso ao país, não se empregou na Geologia. E deu seguimento a dua carreira artística. Este ano assinou um memorando de agenciamento com Kuzula e considera este um goal marcante.

 

“Está a ser uma fase muito boa para mim porque eu planeava isso”, afirma. “Cinco anos depois a trabalhar sozinho, eu já sabia o que queria e, por isso, precisava de alguém com a mesma visão que eu.”

 

Hoje, considera-se realizado, pois sempre teve a ambição de participar de grandes festivais, tendo já subido ao palco de um festival na vizinha Eswatini e outro na Ilha Reunião (departamento francês no Oceano Índico).

 

“Era meu sonho participar de festivais. Há mais de 6 anos que eu assistia festivais e quis participar e tive essa oportunidade de participar do Azgo e o H2O quando se trouxe à Moçambique a franquia.”

 

A parceria com seu irmão, Hélio Beats, resultou na produção de 2 álbuns, 7 EP e diversos singles com a participação de artistas nacionais e internacionais. Tendo “estourado” com a música que contou com participação da Tayra, intitulada “Sweet feels”.

 

A incursão pela Ilha Reunião deu oportunidade de trabalhar com alguns dos nomes da música Sul Africana como a Show Madjosi e alguns DJs da mesma região.

 

Por: Mbenga Arte e Reflexões

 

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